sábado, 29 de maio de 2010

Dois mundos

Da distancia surgiu o final
De uma lagrima fez-se o adeus
Dos dois mundos, sobrou apenas o teu.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Como de costume, Isabela chegou com a bebida. Rum, minha preferida. Sentou-se ao meu lado na calçada e me passou a garrafa, dei uma golada daquelas de encher a boca e de dar inveja a qualquer pirata. Enquanto o álcool circulava levemente na minha corrente sanguínea, pela garrafa eu via meu mundo e tudo ao meu redor se transformava num oceano amarelo.
- O rum me faz lembrar muitas coisas... - digo.
Ela saboreava a bebida atenciosamente e parecia se perder em meio ao vasto céu que hoje estava bem claro. Pensei que nem tinha me ouvido mas logo perguntou:
- Que tipo de coisas?
- Lembro do passado, de todas as merdas que fiz e que continuo fazendo. Lembro que sou um eterno fracassado.
- Vai estragar mais um domingo com esse papo?
- Não é só papo - fiz uma pausa para procurar no bolso o maço de cigarro - é a realidade.
- Tu não é fracassado, é cego, vive desperdiçando suas melhores oportunidades...
- Oportunidades, desde quando ver todos os sonhos desabarem é oportunidade?
- Se você continuar nessa linha de pensamento medíocre, sempre vai estar afogado em seus fracassos mesmo... - suspirou - E pare de fumar!
- Medíocre, ta ai o tipo de gente que sou, Isabela! - gargalhei cruamente - e por um acaso, to desperdiçando o que?
Irritada Isabela chutou a garrafa para o meio fio da calçada, pegou sua mochila e se foi. Pude ouvir ela falar bem baixinho:
- Desisto, pra mim tu gosta é de sofrer...