coisas batendo na cabeça
às 5 da manhã
talvez um tijolo ou
uma garrafa vazia,
um estalo no cranio e
avencas brotando pelas orelhas
em meio ao calor.
acomodo-me no sofá
ao mesmo tempo em que alguém tenta vender
modernos utensílios
dentro da minha TV muda
igual um tumulo formado por luzes
percorro os canais
e lá estão mais utensílios
ou previsões do tempo e
telejornais carregados de "bom dia"
prestes a começar
o mundo nunca parece tão feito
de televisores e coisas batendo
em cabeças como é
às 5 da manhã
enquanto o tempo faz questão de morrer
sem passar.
um murro num velho filme de ação bate
o uísque barato
canções desconhecidas batem
e o resto descansa
numa especie de sono
interminável
e estou tão acordado
quanto jamais estive
desligo a TV.
vou até o banheiro
jogo água no rosto e
encaro o espelho, não há nada a fazer.
caminho para o quarto
não acendo a luz
ligo o ventilador.
atiro-me na cama e faço um casulo com o lençol.
mantenho os olhos fechados.
as janelas batem,
e as portas
e os pássaros
e sol
você também bate em minha cabeça
com toda a força que o silêncio pode ter
às 5 da manhã.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
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