4:57 e alguns carros passam
por entre a iluminação alaranjada da rua
e não me sinto muito bem;
a novidade é que algumas raras vezes posso abrir a janela
para que ela entre cantando sua mais bonita
canção.
esse é o dia,
e eu mantenho o silêncio
pelas minhas próprias palavras tristes
e aperto o peito com as duas mãos
enquanto um cachorro late ao longe
desesperado e talvez
faminto
estou deitado com
minhas pernas envoltas em cobertas
e esse não é o mesmo frio
de anos atrás, nem as vozes são as
mesmas
"não é tão ruim quanto
podia ser", penso afinal.
apenas o cachorro ecoa
melancólico e tão longínquo quanto
flocos de neve
e
montanhas brancas
com cabanas feitas de
troncos de pinheiros
e um machado pendurado
ao lado do
sofá
e eu mantenho o silêncio
pelas minhas próprias palavras tristes,
mas hoje abri a janela para esse pouco de felicidade
caminhar por essa escuridão e
se aquecer também.
é que eu gosto de
me sentir curado as vezes
mesmo que essa cura
seja tão breve quanto
uma dose de rum.
existem dias que a alma de um homem
morto ou não,
precisa voar
acompanhar a correnteza
flutuar pelo azul,
inexorável.
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a gente não precisa se doer o tempo inteiro... talvez, nem tudo esteja tão perdido quanto parece.
ResponderExcluirA beleza das coisas simples se mantém intacta apesar do caos que ronda o mundo.
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