sábado, 28 de abril de 2012

Versos para uma madrugada insone

4:57 e alguns carros passam
por entre a iluminação alaranjada da rua
e não me sinto muito bem;
a novidade é que algumas raras vezes posso abrir a janela
para que ela entre cantando sua mais bonita
canção.

esse é o dia,

e eu mantenho o silêncio
pelas minhas próprias palavras tristes
e aperto o peito com as duas mãos
enquanto um cachorro late ao longe
desesperado e talvez
faminto

estou deitado com
minhas pernas envoltas em cobertas
e esse não é o mesmo frio
de anos atrás, nem as vozes são as
mesmas

"não é tão ruim quanto
podia ser", penso afinal.

apenas o cachorro ecoa
melancólico e tão longínquo quanto
flocos de neve
e
montanhas brancas
com cabanas feitas de
troncos de pinheiros
e um machado pendurado
ao lado do
sofá

e eu mantenho o silêncio
pelas minhas próprias palavras tristes,
mas hoje abri a janela para esse pouco de felicidade
caminhar por essa escuridão e
se aquecer também.

é que eu gosto de
me sentir curado as vezes
mesmo que essa cura
seja tão breve quanto
uma dose de rum.

existem dias que a alma de um homem
morto ou não,
precisa voar

acompanhar a correnteza
flutuar pelo azul,
inexorável.

2 comentários:

  1. a gente não precisa se doer o tempo inteiro... talvez, nem tudo esteja tão perdido quanto parece.

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  2. A beleza das coisas simples se mantém intacta apesar do caos que ronda o mundo.

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