quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Mês passado fez três anos que não enlouqueço

Não que eu tenha me tornado uma pessoa normal, dessas que estão aos montes por aí, todos os dias em suas rotinas chatas, servindo o estado, mastigando as doenças do cotidiano e trocando cusparadas. Não que eu tenha me esquecido dos caídos, dos pisados. Também não aceitei cabrestos, nem permiti que me forçassem a nada que ferisse minha liberdade.

É só uma sensação de poder caminhar sem muletas, nem refúgios, que transborda depois de muito tempo trancafiada em qualquer lugar pequeno o bastante para quase desaparecer; para quase me matar. É só sede de ser livre.  

São três anos sem ressacas. Três anos que não fujo, nem ouço falar no amor que deu errado, no dialogo que deu errado, no trabalho que deu errado, na vontade que morreu, na vida que fracassou. Três anos que não tenho tenebrosas crises de ansiedade que me faziam vomitar e passar noites em claro, sentindo a sensação das agulhas enterrando no peito de dentro pra fora, pensando em como todas as saídas de emergência estavam distantes e fechadas para mim. Três anos que não caio pelos becos, procurando qualquer alento falso e destrutivo que me tirasse a noção dos dias que ainda me restavam. Três anos que não dou um murro em um amigo, ou em paredes.  

Três anos
que não enlouqueço. 


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