eu tentava dormir as 2:30 da manhã
quando meu celular tocou,
consegui alcança-lo
com muito custo
"ela me deixou" disse uma voz
"ela me deixou de novo,
aquela puta"
"foda-se" eu respondi e
desliguei.
virei-me para o outro lado
acomodando a cabeça no travesseiro
tentando fabricar um sonho bom e
o celular tocou novamente -
eu atendi
"não desligue, fale comigo!" era a mesma voz
"ela me deixou, cara"
num suspiro percebi que o dono da voz era Allan,
ele estava bebado demais e soluçava
"olha, todas elas se vão" eu disse
"você está com uma voz péssima, cara,
o que está fazendo?"
"estou tentando dormir"
"mas não desligue agora, eu vou morrer,
ela entrou no carro de outro e foi embora"
alguma música tocava ao fundo e eu podia ouvir
pessoas conversando.
"escute Allan, você está numa festa, arrume outra garota"
"eu vou morrer" começou a chorar
"compre outra cerveja então"
"oh, boa ideia"
ele desligou.
Allan precisava saber,
não importam as novas manhãs
nem as garrafas,
é adeus o que
mais vamos ouvir
durante toda a
vida
por fim fechei os olhos e dormi -
ao meu lado a velha ausência
que nunca se vai.
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Desfecho sensacional. Gosto dessa forma de expor a realidade crua (ou cruel).
ResponderExcluiruma ausência presente. constantemente sinto isso.
ResponderExcluirgostei muito do texto, desse jeito sóbrio de escrever.
Doeu em mim.
ResponderExcluirdeveríamos estar preparados para as ausências e os deixares que acontecem, mas nunca estamos. acabamos imaginando que a solidão é um constante provisório e mal sabemos que o estar junto passa menos tempo em nossos vidas do que a ausência.
ResponderExcluirDesfecho sensacional, redundo o comentário. Não é a primeira vez, tens uma capacidade de conduzir a leitura sem que nos apercebamos do fluxo, só acordo quando sinto a pancada do final. Gosto disso, mandaste bem.
ResponderExcluirNão é pq o adeus é comum que vamos deixar de senti-lo.
ResponderExcluirMt bom.
muito bom. adorei seu blog!
ResponderExcluirabraço
Conheço essas palavras realisticamente amargas.
ResponderExcluirMuito bom.
É nesse constante adeus que eu existo. Tu me encanta moço!
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