sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sua vida não é um enlatado americano

Nos perdemos entre as propagandas e os carros e a fumaça do combustível que queima nas ruas, nas pistas, nas garagens, nas fabricas, nos aeroportos, no mar, no coração da gente. Nos perdemos na demência sem limite de pessoas que se dizem normais e racionais, que fabricam bombas e bebem petróleo. Nos perdemos na busca de um amor que só existe na luz azul da televisão, nas historias clichês das novelas e series hollywoodianas e na porra toda que inventam pra tampar o grande buraco que é a nossa realidade. Nos perdemos nos anúncios dos jornais e nas notícias e nas fotos coloridas das revistas. Nos perdemos na fome, no frio, na sede, na solidão estampada nos olhos tristes de tantos outros seres humanos. E morremos uma vez, e morremos outra, perdidos.
No fim, todo aquele pessoal parado ali oferecendo essa espécie de amor portátil, esperando com um sorriso imundo grampeado na cara, enchendo o cu de dinheiro graças a nossa vida medíocre e alienada e cheia de necessidades desnecessárias criadas por essa mídia que dita perfeições mentirosas para mofar e apodrecer nosso cérebro ainda vão vomitar aquela coisa densa e fedida em cima de nós e vão nos mandar correr pra longe depois de arrancar nossas pernas com um serrote feito de sonhos corrompidos. É tanta gente querendo fugir por causa disso cara; tanta gente querendo meter uma bala na própria cabeça que somos forçados a fugir desses outros tantos fugitivos também, pra tentar não explodir antes da hora.

3 comentários:

  1. Muito bom, mesmo. Sabe impor muito bem suas idéias e ponto de vista sem ter que modificar a raiz de seu pensamento, tudo se encaixa muito bem por aqui. Encanta.

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