quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Amassou a bituca no cinzeiro, olhou para o teto e para o chão e para o teto novamente. Passou a mão no cabelo, suspirou tentando não perder a calma. Mal sabia que já havia perdido há um mês:
- Uma pessoa que não aceita ser ajudada não deve pedir ajuda, sabia?
- Sempre deixei claro que sou dessas que mudam fácil de opinião...
- O que você queria de mim fazendo todo aquele discurso, todo aquele drama barato então? Queria foder a minha vida? Queria?
- Mas eu falei sério...
- Antes não queria paz? Não te deixei em paz, porra? Por que me procurou?
- Você nunca me entende.
- Ouvi tudo o que tinha a dizer, mudei as coisas e corri e me joguei. Agora você vem com isso e diz que simplesmente mudou de ideia?
- É, foi... Foi isso.
- Sua fodida, vá a merda junto com suas mudanças, suas indecisões. Isso não é um jogo ou brinquedo! - Abriu a porta e gesticulou para a garota sair.
- Grosso, idiota. Nunca me entende.
- Vá! E nem perca tempo pensando em mais um monte de lixo pra me falar!
Bateu a porta com tamanha brutalidade que a chave desprendeu-se da fechadura e foi de encontro ao piso, provocando um ruído agudo.
Sentou na poltrona e deixou aquela coisa estúpida vazar pelos olhos caídos; cinco anos de choro engasgado, preso na imundice de seu interior.

8 comentários:

  1. Muito intenso, muito perfeito!
    Seu blog é perfeito.

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  2. Lágrimas mofam as pessoas.(e porra, fiquei feliz de ter encontrado o seu blog)

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  3. ...e deixou aquela coisa estúpida vazar pelos olhos caídos(...)

    Você escreve muito bem, é intenso.

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  4. Olá, tem um selo para ti em meu blog, venha pegá-lo. Obrigada.

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  5. "- Ouvi tudo o que tinha a dizer, mudei as coisas e corri e me joguei. Agora você vem com isso e diz que simplesmente mudou de ideia?
    - É, foi... Foi isso."

    contraditório... é.

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