segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Poema bêbado do terrorismo

vi o Marcos explodir
pela boca essa noite,
seus olhos de carvão
apagaram por alguns minutos
e a mulher começou a chorar
machucada pela pior
das coisas

vi o Marcos explodir
essa noite e
seu nariz despejou
sangue na minha
blusa e
quando rastejou pelo
piso cinza - juntando pedaços,
os próprios pedaços
ele tentou levantar apoiando as
mãos úmidas na parede.

enquanto ele se debatia
para ficar em pé,
eu imaginava quando os outros
explodiriam também - cada qual
com sua bomba.
eu sei, é inevitável não cansar
de carregar tanta merda
em meio a todo o sangue
girando no corpo, sufocando
o coração

isso aqui, meu amigo
é só um solvente;
e por algum tempo
você esquece que
todos acabam praticando o
terrorismo.

quando sento
diante dessa maquina tremula e
batuco nas teclas, na verdade
estou explodindo
também.

6 comentários:

  1. Todos explodimos, uma hora ou outra. Puta texto, velho!

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  2. explodo do mesmo modo que o eu-lírico. hahaha

    'eu sei, é inevitável não cansar
    de carregar tanta merda
    em meio a todo o sangue
    girando no corpo, sufocando
    o coração',

    por mais trágico, ri desse poema. rsrsrs
    Parabééns Guilherme. A cada dia escreve melhor! =D

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  3. Muito bom. Gostei do teu blog, escreves muito bem guri :)

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  4. Fazia um tempão que eu não vinha aqui e ainda assim continuam ótimos (e cada vez melhor)todos os seus textos!

    www.umaformadepensamento.blogspot.com

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  5. Belíssimo poema. Um dos melhores que encontrei na websfera.

    Convido-te a visitar meu blog de poemas:
    http://neologismopoetico.blogspot.com/

    Abraço e parabéns!

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