terça-feira, 9 de agosto de 2011

Uma chance para Charlie

O tempo está passando, Charlie
O mundo está derretendo
Vai virar chumbo, vai sobrar só dor
Nunca vai apagar isso com cuspe, Charlie

Nunca mais haverá inverno, Charlie
Nunca voltará a aquecer aquela boca
Não vai mais acender uma fogueira, Charlie
Vai se tornar a fogueira

Seus dedos finos e pálidos vão ser os gravetos, Charlie
Vão ser lenha, vão virar carvão
Seu corpo inteiro se desfazendo em cinzas, Charlie

Você desaparecendo -
montanhas de cinza e poeira
Seu amor sumindo até o último pelo, desintegrando
espalhando tinta por entre os prédios
Montanhas de ossos, poças de urânio, Charlie

Não olhe pra essa janela suja
Não tem nenhum pássaro lá fora
Ninguém te esperando - ninguém ouvindo suas historias
Nem vento e verde e abraços, Charlie
Aquele quintal nem está mais ali
Você não pode mais brincar, Charlie

Feche seus olhos
Mantenha a distancia do quadro que pintou
Você consegue
Aperte essa porra de gatilho, Charlie

3 comentários:

  1. Eaew, Charlie.

    John mandou saudações! Não morre não, parceiro.

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  2. Gostei bastante da idéia e da forma como foi construído, mais e mais vejo pessoas escrevendo nessa mesma linha, seremos os vanguardista? Porém o nome Charlie, tal como sua repetição arranha a leitura.

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  3. Lindo mesmo, é claro, todos sabemos que só o autor entende o verdadeiro sentido de seu texto, mas a forma como você passa a ideia de querer se convencer de algo "impossível" é perfeita!

    www.umaformadepensamento.blogspot.com

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